Muitas pessoas ficam defendendo que a prática odinistra deve partir de um reconstrucionismo baseado em historiadores. Eu não discordo absolutamente disso, mas os historiadores pouco sabem a respeito da magia em si e eles reescrevem o passado de acordo com os achados arqueológicos e salvo engano meu, eles não têm qualquer aprofundamento num nível mágico-espiritual de suas próprias descobertas.
Resumindo, a prática deve partir não somente da História, mas também de um conhecimento espiritual que somente a teoria misturada à prática diária pode dar. Em nossos dias fica complicado fazer muitas das coisas que eram feitas no passado, pelo nosso contexto cultural e moderno, pelo tipo de vida que levamos que é muito diferente, pelo país onde estamos situados onde sequer vemos neve, pela constituição penal de nosso país, um exemplo disso é que se alguém enforcar alguém em oferenda a Odin será preso, e, que dentro desse contexto o paganismo deve sim ser reescrito e adaptado para a nossa realidade consensual e por isso a palavra Reconstrucionismo é tão usada.
Acho que muitos carecem de uma liberação de seus próprios conceitos de certo ou errado, uma liberação de suas crenças e paradigmas a respeito de que se não é assim, não é de modo nenhum, até porque isso não faz qualquer sentido, nós somos limitados, os deuses não.
Não estou com isso dizendo de maneira alguma de que o Odinismo ou qualquer prática mágico-religiosa escandinava deve ser feito de qualquer jeito, creio realmente de que devemos ter uma base, não só histórica, mas, também uma base ocultista das práticas pagãs readaptadas e reutilizadas num contexto mais moderno. E esse é um passo que deve ser dado com muito cuidado, talvez seja por isso que muitos procuram se fixar tanto nos contextos históricos.
Num artigo de um site muito bom e histórico, é dito, por exemplo, que os escandinavos tinham na verdade apenas três festivais durante o ano e não oito como vemos por aí, isso se deu pelo motivo óbvio, em alguns países escandinavos realmente não há quatro estações no ano, apenas duas, verão e inverno, e que assim sendo um ritual de primavera, por exemplo, não deveria ser feito, por simplesmente não haver uma primavera ali. Salvo as partes do Brasil como Amazonas, que pelo fato de ser muito próxima a linha do equador, eles não sentem a diferença entre as quatro estações, nós que estamos mais para o Sul do país sabemos e sentimos todas essas estações e se num contexto atual e geográfico temos quatro estações, por que não deveríamos ter oito festivais?
Então, vejo que estamos falando muito num reconstrucionismo e procurando todas as bases históricas para nos manter o mais fiéis possível da prática mágico-religiosa do “odinismo” no passado, mas, não temos o menor contato com nossa própria terra, contexto sócio-cultural e moderno. Acabamos tão cegos do que quando começamos, logo que manter uma base de certo e errado dentro de uma esfera ilusória é completamente ilógico, para não dizer, estúpido.
Além também de termos que nos lembrar que os deuses pagãos estão sempre muito relacionados com fenômenos naturais e acho que poucos discordam disso ao ver que Thor é o deus do trovão, Odin do vento e assim por diante. Mas, mesmo havendo essa concordância de que os deuses estão sempre muito relacionados à terra, ao mundo comum a todos, nós procuramos nos prender num contexto teórico racional a ter que compreender que nós podemos ver tanto Thor, quanto Odin, quanto qualquer outro deus, numa manifestação fenomênica em qualquer lugar do mundo que estivermos. Então, existe o contexto de aprendermos com os antigos escandinavos sobre seus deuses e procurar trazer esses deuses para viverem conosco em nosso contexto diário, moderno e completamente diferente de tudo o que os escandinavos conheceram e conhecem por lá.
Se vamos reconstruir, então vamos fazer direito, dentro de um contexto mais lógico e racional, com base histórica e teórica, mas com bases práticas, modernas e atualizadas. Procurando respeitar nosso próprio país e mostrar para os deuses que nós os amamos e cultuamos de maneira adaptada a nossa realidade.