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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nove Nobres Virtudes - Colocadas em Prática - Parte I

Há alguns anos eu venho trilhando esse caminho da forma que só uma filha de um deus caótico, em sua completude, pode fazer. Os anos de caminhada por vários caminhos em busca de um pouco de sabedoria, ou de respostas (ainda que a cada resposta uma nova dúvida há de ser plantada). Eu encontrei uma das respostas que dentro do meu caminho foi à melhor que eu acredito ter obtido até hoje. Por mais clichê que isso possa parecer, a resposta é: nada muda se você não mudar.

Por que eu estou tocando na questão de mudança interior? Porque a felicidade está dentro de nós e não fora. E o nosso poder de escrever nosso Wyrd reside exatamente dentro de cada um de nós no momento presente. Eu não vou aqui falar por todo mundo, porque cada um de nós é um ser único, com uma história única e um Wyrd da mesma maneira individual. Mas também estamos carecas de saber que nosso Wyrd é constantemente influenciado pela grande teia. Somos altamente afetados por nosso ambiente e por ambiente eu quero dizer que “tudo nos afeta”. A musica que ouvimos, um filme que assistimos, um livro que lemos, um amigo ou nem tão amigo assim com quem conversamos, as pessoas que nos rodeiam, as pessoas que encontramos, nossos objetos, nossas casas, nossa cultura, nossa cidade, etc. Tudo isso está nos influenciando o tempo inteiro. Então aquilo que deveria ser o “nosso Wyrd individual” é na verdade uma colcha de retalhos de vários fios que acabam se entrelaçando com os nossos, seja pelo meio que for.

Portanto como Wyrd pessoal eu creio que a nossa primeira grande responsabilidade reside no que estamos fazendo com essas informações que vem de fora, pois creio que é estritamente necessário que não sejamos arrastados por qualquer vento. Eu faço parte de um grupo de auto-ajuda que tem uma literatura própria, usando de meios e terapias que são necessárias para efetivar uma mudança comportamental para assim alcançarmos um estilo de vida que procuramos alcançar. O enfoque é dado na mudança comportamental. E por que deve haver esse enfoque? Porque grande parte, senão todos os nossos comportamentos são condicionados e é exatamente aquilo que fazemos hoje que determina o nosso amanhã. Outra frase clichê: Se fizermos o que sempre fizemos, obteremos sempre os mesmos resultados. Nossas experiências no começo de nossas vidas, lá na nossa infância e idéias arraigadas e perseguidas em nossa adolescência podem ter se tornado ao longo dos anos de prática comportamental, uma forte crença subconsciente da qual não conseguimos mais nos livrar. Alguns dos motivos para a dificuldade de se mudar um comportamento estão:


  1. No fato de não mais nos lembrarmos da crença que nos motiva a se comportar de tal maneira.
  2. Na dificuldade de olhar para as nossas lembranças, em especial as dolorosas.
  3. Na capacidade doentia de nos julgarmos bons ou ruins o tempo inteiro, nos dividindo nos papéis de vítimas e carrascos concomitantemente, criando dessa forma um terrível sentimento de culpa. 
  4. Na habilidade incrível de mentirmos para nós mesmos na esperança de tentar esconder nossos próprios “defeitos”.
  5. Todo homem idiotamente teme o desconhecido e ele sempre é um desconhecido para si mesmo.


Posso enumerar mais uma porção de coisas, mas em geral esses são motivos fortes que nos impedem de mudarmos. Lá no começo de nossas vidas tivemos convicções e crenças, que praticamos tanto que acabaram se tornando praticamente orgânicas, altamente refletidas em nossos comportamentos, e, comportamentos tais que pela repetição já se tornaram tão automáticos que muitas vezes sequer damos conta de que estamos nos comportando assim. É por isso que muitas vezes nos ressentimos com pessoas que acabam falando que somos de um jeito ou de outro e pensamos que não ou não queremos admitir, e, na verdade muitas vezes achamos mais fácil achar que a outra pessoa está louca, ao invés de verificar que aquilo que ela disse tem algum tipo de fundamento. Às vezes é complicado porque não sabemos que agimos assim, já é tão comum, que passa por nossos olhos sem nem percebermos.

          Tendo falado um pouco sobre nossos comportamentos e em especial nossos comportamentos automáticos ou subconscientes. Entro na questão que eu realmente quero partilhar: Por que praticar as Nove Nobres Virtudes?

O que é virtude?

Quando nós falamos em virtude a primeira coisa que aparece na cabeça é uma questão de julgamento, religião e moralidade. Praticar o bem é uma virtude e o mal um pecado. Porém, vamos procurar de certo modo desvencilhar a palavra virtude da religião dominante, para tratarmos da palavra virtude como sinônimo de: “Qualidade própria para produzir certos e determinados resultados; propriedade, eficácia” – como retirado do dicionário Michaelis. Então, aqui vemos que virtude é a qualidade própria para produzir certos e determinados resultados. Partindo da idéia de que o que fazemos hoje, ou como nos comportamos hoje é o que determinará o nosso amanhã, então virtude é arte de produzir determinados resultados a fim de vivermos a vida da maneira como queremos viver. Ou de trazer uma mudança requerida para nossa vida.

Penso que a idéia das Nove Nobres Virtudes é fazer com que o homem viva a sua vida da melhor maneira possível. “Apenas a mente conhece o que reside perto do coração, quando ele está só com seus sentimentos; não há doença maior para o homem sábio do que ele mesmo não ser feliz”. – 95 Hávamál. E por que eu penso isso? Por que justamente essas virtudes é que servem para se ter uma vida feliz?

Qualquer caminho espiritual por aí vai ter um conjunto de preceitos e de normas que regem os costumes sociais de determinada época, povos ou filosofia. O que nós fazemos é encontrarmos um caminho espiritual de acordo com aquilo que nós nos identificamos. Quando paramos por um momento e falamos: “É isso aí que eu quero pra mim agora”, cabe de nossa parte colocar algumas coisas em prática para que possamos realmente experimentar e concluir se realmente isso nos serve ou se não. Então, voltamos logo atrás com os nossos comportamentos condicionados e uma mente cheia de crenças que tomamos para nós, sabe-se lá quando, altamente viciados e acomodados com o modo com que temos vivido nossa vida desde então, por mais que estejamos, muitas vezes, profundamente insatisfeitos ou ávidos em querermos algo diferente.

A proposta desse artigo e todos os próximos onde eu estarei falando sobre as Nove Nobres Virtudes, está num conselho dado numa das obras de Carlos Castañeda, onde é dito:

“Um guerreiro é um caçador. Calcula tudo. Isso é controle. Mas, uma vez terminado seus cálculos, ele age. Entrega-se. Isso é abandono. Um Guerreiro não é uma folha à mercê do vento. Ninguém pode empurrá-lo; ninguém pode obrigá-lo a fazer coisas contra si mesmo ou contra o que ele acha certo. Um Guerreiro está preparado para sobreviver, e ele sobrevive da melhor maneira possível.”

Em meu ponto de vista as Nove Nobres Virtudes são a base que direciona nossos comportamentos. Para tanto elas devem se tornar crenças orgânicas, as que ainda não são, rodando em looping em nosso subconsciente para se tornarem comportamentos automáticos e assim direcionando nossos comportamentos de acordo com elas. Particularmente creio que poucos de nós já possuímos todas essas virtudes por uma questão de cultura. Quem hoje em dia pensa em zelar pela hospitalidade quando vivemos numa sociedade que superestima o individualismo? Quem de nós está realmente se importando com a verdade quando sabemos que temos que matar um leão por dia e a manipulação é nossa melhor ferramenta? Quem de nós está realmente envolvido com a coragem em dias em que as pessoas são valorizadas pelo que tem e não pelo que são? Entre tantos outros exemplos, podemos perceber pela nossa cultura o quanto muitas dessas virtudes não estão no rol do nosso conjunto de normas estritamente egoísta e individualista, que é o que nossa sociedade moderna vem repetindo em nossa “educação”. Esse é sem dúvida um desafio para qualquer pessoa que pretende fazer um trabalho de metamorfose comportamental.

As perguntas iniciais são: Ter esse conjunto de virtudes realmente deixará a minha vida da maneira que eu quero viver? Quais os benefícios de cada virtude em particular? Qual o resultado que eu espero alcançar em minha vida com a prática comportamental baseada nas Nove Nobres Virtudes? E o que cada virtude significa pra mim?

Creio que responder sinceramente tais perguntas nos conduzirá para uma análise intelectual daquilo que queremos e do modo como queremos viver as nossas vidas, e se o resultado que espera alcançar com isso estiver de acordo com o modo que você procura viver sua vida, então a partir dessa pequena base racional é que deverá vir à ação. Lembrando que é uma questão de “re-educação”, onde a repetição, a atenção, a sensação de recompensa e o intento consciente que fará com que isso se torne de fato um hábito ou um comportamento condicionado, ou ainda o que chamei de uma crença orgânica.

Pela psicologia behaviorista Thomdike formulou “leis” de aprendizagem, a saber:

1 – A lei de prontidão – quando uma unidade de condução (neurônio e sinapse envolvidos no estabelecimento de uma ligação ou conexão) está pronta para conduzir, conduzir é gratificante e não conduzir é irritante.

2 – A lei do efeito – uma resposta é fortalecida se seguida de prazer e enfraquecida se seguida de dor ou castigo.

3 – A lei do exercício ou da repetição – quanto mais um estímulo-resposta for repetido e se conecte com uma recompensa por mais tempo será retido.

E aí? Vai encarar e mudar toda a sua base de valores?

Apresento as Nove Nobres Virtudes:

Coragem – Verdade – Honra – Lealdade – Disciplina – Hospitalidade – Laboriosidade – Independência – Perseverança

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