Texto cedido e traduzido por Sharon Lee Loreilhe
Trazendo nosso povo de volta à sua crença ancestral
É uma daquelas “regras cardinais” do Ásatru, que “heathens não fazem proselitismo”. Isso sempre me deixou com a impressão de que nós heathens não estamos autorizados a informar as pessoas sobre a nossa religião e que nós certamente não podemos dizer-lhes que a nossa religião seria melhor para elas do que a que elas estão praticando agora. E esta impressão é reforçada pelos ocasionais avisos que eu receberia de que estou perigosamente perto de estar praticando o proselitismo ou definitivamente praticando o proselitismo. Mas, vamos nos aprofundar um pouco mais nesse assunto.
Eu escrevi um ensaio intitulado “Despertando o Paganismo entre Pessoas Normais” que discute vários métodos que podemos usar para educar membros não-heathens de nosso povo sobre os nossos deuses e nossa crença. Ele está localizado aqui: http://www.facebook.com/note.php?note_id=10150361728150123
E mais recentemente escrevi um ensaio chamado “Seus Ancestrais Eram Heathens...” que explicava a qualquer membro não-heathen de nosso povo que, independentemente de suas crenças religiosas, é interessante notar que seus antepassados eram heathens. Ele explica que o paganismo moderno está tentando reconstruir a nossa crença nativa. Ele está localizado aqui:
Estes são os tipos de ensaio sobe os quais ocasionalmente irei receber a desaprovadora reação de alguns heathens sugerindo que o que estou sugerindo é “proselitismo” e que nós, como heathens, nunca devemos fazer proselitismo. Geralmente a pessoa que está sugerindo isso vai além e sugere que o proselitismo é algo que os cristãos fazem... E é uma das razões pelas quais já não são mais cristãos. E isso implica que estou atravessando uma linha que não deveria ser cruzada.
Mito #1... Proselitismo é uma palavra suja
Em primeiro lugar, vamos ver a definição da palavra “proselitismo”. Um prosélito é uma pessoa que mudou de uma opinião, crença religiosa, seita, ou algo semelhante para outra, um convertido. E fazer proselitismo é “converter ou tentar converter como um prosélito; recrutar”
A palavra em si é muito simples e direta. É o simples ato de tentar convencer alguém para o seu lado das coisas. É mais usada em relação à religião, mas também pode ser usada em relação à política, debates, reuniões de negócio onde os lados são atraídos sobre um assunto, etc.
Agora muitas pessoas lêem todo tipo de outros significados para a palavra. Forçar; Manipulação; Intimidação; Ameaça; Passar Sermão; Citar as Escrituras; Incomodar as Pessoas; Insultar as Pessoas. Mas esses significados que muitas vezes são vistos na palavra tem mais a ver com como alguém faz proselitismo... Os métodos que emprega... Do que com o verdadeiro sentido da palavra.
Houve um tempo em que quase todos de nosso povo seguiam a crença ancestral. Mas esse tempo foi tirado de nós. Heathens modernos são nada mais do que uma pequena porcentagem de nosso povo, com a vasta maioria deles sendo cristãos, agnósticos ou ateus. A maioria sequer sabe que têm uma crença nativa como opção religiosa. A maioria sequer sabe que o heathenismo existe. Nós devemos comunicar aos não-heathens quem somos nós, o quanto o heathenismo significa para nós e como ele funciona bem para nossas famílias e para nós mesmos. Eu sinto que é minha obrigação informar os membros não-heathens do nosso povo sobre nossos Deuses e nossa crença ancestral. Eu pessoalmente sequer sabia que o heathenismo existia até os 37 anos de idade. Temos que fazer melhor que isso.
Agora, isso não significa que devemos ser agressivos, manipuladores, mercadores do medo, ameaçadores ou incômodos em nossa abordagem a esses membros não-heathens do nosso povo. Devemos ser honestos, diretos e simplesmente fornecer a informação que nossa atual cultura cristã-dominante suprimiu completamente.
Mito #2... Educar as pessoas irá ofender ou afastar as pessoas
Antes de mais nada, nossos ancestrais não eram pessoas quietas e mansas, constantemente preocupadas em pisar no calo de alguém com uma opinião contrária. Eles não mordiam a língua constantemente com medo de ofender as pessoas com a verdade. E eu também não vou fazer isso.
Não estou sugerindo que corramos atrás das pessoas dizendo para serem heathens ou “irão para o fogo do inferno”. Não estou sugerindo que assustemos as pessoas com a ameaça de que não verão seus amados familiares em sua vida após a morte, se não se converterem. Não estou sugerindo que digamos às pessoas que elas são más ou rejeitá-las em nossas vidas porque elas não são heathens. Eu não acho que deveríamos demitir as pessoas de seus empregos ou arruinar suas carreiras porque elas não são heathens. Nós, como heathens, não fazemos nada que lembre nem de longe o que odiamos sobre o proselitismo cristão... A forma de proselitismo com que estamos quase que exclusivamente familiarizados.
Eu estou falando de compartilhar informações com não-heathens. Permitir que saibam que nós existimos. Explicar as conversões do norte da Europa para eles, e o fato de que nossos ancestrais eram heathens. Descrever para eles o que é a nossa crença e porque ela funciona para nós. Celebrando nossos Deuses e deixando que os não-heathens saibam como e porque nós fazemos isso. E, como sempre, devemos estar vivendo boas vidas... Vidas que ilustrem que nossa crença é verdadeiramente natural e saudável para o nosso povo.
Um cristão convicto que está satisfeito com seu cristianismo certamente irá ignorar tudo o que dissermos. Eles poderão até mesmo se ofender que alguém tenha ousado comunicar a eles qualquer coisa que seja não-cristã. Mas, os cristãos satisfeitos não são realmente o alvo de nossos esforços de comunicação, de maneira alguma. Eles “já têm dono”. Estão confortáveis por estar em servidão a uma religião estrangeira, e estar de joelhos para um deus estrangeiro.
O alvo de nossas comunicações devem ser aqueles membros do nosso povo que estão insatisfeitos com a religião estrangeira. Aqueles que estão praticando “mais-ou-menos”, por obrigação ou por hábito. Aqueles que irão literalmente reviver quando aprenderem sobre nossa crença e começarem a investigá-la mais de perto. Eu rejeito a idéia de que dividir a informação sobre nossa crença com esses membros de nosso povo irá ofendê-los ou afastá-los. Costumamos falar de como o heathenismo foi como “uma volta para casa”. Se nós realmente acreditamos que isso é espiritualmente verdadeiro não devemos acreditar que aqueles com quem partilharmos essas informações poderão eventualmente sentir o mesmo? Não irão as águas de nossa fé seguir um curso familiar para eles também?
Mito#3... Cristãos fazem isso, então não deveríamos
Há essa reação automática entre muitos heathens contra qualquer coisa vagamente cristã. De certa forma, essa reação automática se estende a qualquer esforço em dizer a qualquer não-heathen que o heathenismo é uma coisa boa e que talvez eles devessem investigar. Essa reação “contra-o-cristianismo” é natural e compreensível, mas nós precisamos superar isso.
Em algum ponto o heathenismo precisa ser superior ao cristianismo e não em reação a ele. Precisamos fazer escolhas acertadas e lógicas sobre nossas ações que são conduzidas pelo que é bom para nós e bom para o nosso povo. Essas escolhas devem ser feitas sem qualquer necessidade de ser contra qualquer coisa que seja vagamente ligada de alguma forma tênue com o que os cristãos fazem. Quem se importa que eles façam isso sempre? Isso é problema deles.
Precisamos definir nosso próprio caminho e fazer o que é certo para nossos descendentes. Eu quero que meus filhos vivam num mundo em que mais gente de seu povo haja voltado para sua crença ancestral. Quero que meus netos vejam ainda mais heathens no mundo... E meus bisnetos ainda mais. Isso é algo que podemos fazer. Se comunicarmos de forma adequada, se trabalharmos duro, se vivermos vidas que mostrem que vivemos de acordo com o que pregamos... Então o heathenismo irá crescer como deveria. Esses caminhos que seguimos são naturais para o nosso povo. É lógico que se souberem a respeito desses caminhos e perceberem que é uma opção viável, então o heathenismo irá crescer.
Mito#4... Heathens devem ser chamados pelos Deuses
Às vezes, eu ouço dizer que novos heathens devem ser chamados pelos Deuses. Se os Deuses não os chamaram, então eles não estarão “voltando para casa” afinal. Isso sempre me confundiu.
Em quase nenhuma outra área de nossas vidas como heathens nós pedimos aos Deuses para fazer por nós. Em quase todas as outras áreas, nós dizemos que nós devemos fazer nós mesmos. Nós conseguimos as coisas através de nossos próprios esforços. Nós não imploramos aos Deuses para fazer as coisas por nós. Nós não ficamos sentados esperando que eles nos salvem... Ou que nos façam favores pessoais. Como heathens, nós nos mexemos e fazemos as coisas acontecerem.
Por que não deveria sê-lo também em trazer o nosso povo de volta à crença ancestral? Eu acho que os Deuses nos observam. Acho que eles podem nos dar um empurrãozinho de vez em quando. Mas é uma religião que acredita verdadeiramente que os Deuses ajudam aqueles que se ajudam. E se acreditamos que mais gente do nosso povo deveria ser heathen, então isso é algo em que devemos trabalhar para obter... Como tudo nessa vida.
Mito#5... Devemos deixar que o Wyrd siga seu curso
O mito#5 é similar ao mito#4, na medida em que coloca o futuro do heathenismo nas mãos de terceiros. Ele desvia a responsabilidade pela saúde e crescimento de nossa crença ancestral a alguma força invisível. Alivia-nos de qualquer responsabilidade ou culpa sobre a questão. Eu simplesmente não sou esse tipo de pessoa. Eu não acho que nossos ancestrais eram esse tipo de pessoa. Se eles queriam algo, eles faziam acontecer. Ou se mexiam tentando fazer com que acontecesse.
O Wyrd irá seguir seu curso, mas eu certamente farei todos os esforços para conseguir as coisas que quero nessa vida. Vou ralar para dar forma a esse mundo através do meu esforço e determinação. É claro que haverá contratempos e problemas e solavancos na estrada... Mas isso não deve deter nenhum de nós. Talvez o nosso Wyrd seja que devemos nos mexer e trazer mais gente do nosso povo de volta para casa? Eu certamente rejeito a idéia de que nosso Wyrd seja de nos sentarmos, cruzarmos os braços e esperar que uma força invisível os traga para casa.
Trazendo nosso povo de volta a sua crença ancestral
Comunicar aos membros não-heathens de nosso povo sobre nossos caminhos e deixar que saibam que esses caminhos funcionam bem para nós será taxado de proselitismo por alguns. E por definição eles não estão errados. Nós estamos tentando educar nosso povo de que sua crença ancestral é uma opção religiosa viável. E pode enriquecer e melhorar suas vidas e de suas famílias. Nós estamos tentando trazer mais gente não-heathen de nosso povo para casa, para o caminho de seus ancestrais.
E fazemos isso em nossos próprios termos. Nós não usamos técnicas manipulativas e baseadas no medo que os cristãos usam. Nós não trazemos a eles essas informações de forma desagradável ou imprópria. Nós trazemos essas informações a eles de forma direta e honesta, como tentamos fazer em todas as coisas.
Nós devemos falar para as pessoas sobre a nossa fé porque o conhecimento de nossa fé foi suprimido. Devemos contar a eles como ela funciona porque, como membros de nosso povo eles merecem saber.
Se for proselitismo dizer aos membros não-heathens de nosso povo que seus ancestrais eram heathens e que eles poderiam ser mais felizes se retornassem ao caminho de seus ancestrais então eu alegremente sou culpado das acusações. Eu simplesmente não vou seguir essa idéia heathen cabeça dura de que “heathens não fazem proselitismo”. Nós temos a obrigação de comunicar ao nosso povo quem seus ancestrais foram e em que eles realmente acreditavam, e compartilhar com eles porque isso funciona tão bem para nós.
Mark Ludwig Stinson
Kindred Jotun’s Bane
Temple of our Heathen Gods
Translated to Portuguese by Sharon Lee Loreilhe
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